quarta-feira, 27 de julho de 2011

Como “matar” seu grupo de capoeira



Apareça apenas nos eventos ou nas vésperas dos mesmos e quando aparecer procure algo para reclamar, diga que as coisas não estão indo bem, que outros grupos são bem mais organizados. Se, por acaso, assistir alguma atividade do seu grupo, procure encontrar falhas no planejamento e no desenvolvimento da mesma. Nunca aceite uma responsabilidade, uma atribuição, afinal, é mais fácil criticar do que realizar. Se alguém do seu grupo pedir sua opinião sobre um importante assunto, sobre a violência na capoeira, por exemplo, responda que não tem uma opinião formada e depois espalhe como deveriam ser as coisas. Não faça nada mais além do que o absolutamente necessário. Se os responsáveis pela coordenação das atividades estiverem trabalhando com boa vontade e com interesse para que tudo corra bem, afirme que seu grupo esta dominado por um grupelho. Não leia os informativos nem as publicações dos seus camaradas e não se preocupe com os comunicados que insistentemente chegam a sua casa ou em sua caixa de mensagens. Afirme que ninguém publica nada de interesse, ou melhor, diga que as pessoas nunca pararam para ouvir as suas ideias. Se for convidado para assumir qualquer função, recuse alegando falta de tempo e depois critique com afirmações do tipo “esse grupelho só quer mesmo é permanecer no poder”. Quando tiver alguma divergência com alguém ou com alguns segmentos do seu grupo, procure vingar-se com toda a intensidade através de ameaças e acusações contundentes. Sempre que puder, cobre a realização de cursos, oficinas, intercâmbios. Esqueça-se dos seus pares e exija do seu mestre ou professor uma orientação personalizada, individual, afinal, “cada um é cada um”. Exija que a data da próxima graduação seja cumprida á risca. Se isso não acontecer, fique revoltado, esperneie, ameace se desvincular dos quadros do grupo. Se receber um formulário para atualizar seus dados juntos ao arquivo central, não o preencha e se ninguém adivinhar a suas ideias e opiniões, critique e espalhe a todos que você é ignorado. Após todas estas colaborações espontâneas, quando cessarem as rodas, os eventos, as oficinas, as formaturas, quando não tiverem mais viagens, festinhas, intercâmbios, quando você não receber mais comunicados para as reuniões e todas as demais atividades, enfim quando o seu grupo “morrer”, estufe o peito e brade aos quatro cantos com orgulho: “Tá vendo, eu não disse?”.

2 comentários:

Unknown disse...

Show de bola Mestre isso acontece em todo lugar.

MuTante - Brasília DF disse...

É dolorido.
Lamentável realidade, Mestre. Continuemos gingando na roda da vida para aprendermos, inclusive com atitudes como estas narradas pelo Sr. O jeito é tirar proveito com a situação, aprender como não fazer. E seguir nossa caminhada, com a conciência tranquila de que fizemos a nossa parte.

Abraço.