sábado, 14 de maio de 2011

13 de maio - Cidade de Santo Amaro Celebra os 123 da abolição formal da escravatura

Foto: Welton Araújo/Agência A TardeFoto: Welton Araújo/Agência A Tarde

Roberto Mendes integra a programação comemorativa de Bembé do Mercado

Por Daiane Souza

Para celebrar a liberdade, é realizado todos os anos, desde 1889, no município de Santo Amaro da Purificação (BA), o Bembé do Mercado. Após 123 anos da primeira festa em comemoração à abolição da escravatura, a manifestação continua ganhando corpo e celebrando as lutas populares contra o cativeiro, a repressão e a discriminação sofridos pelos negros.

Mais que uma festa, o Bembé do Mercado constitui-se, hoje, em movimento de afirmação dos descendentes de africanos escravizados. Incorporada ao calendário cultural do País, a iniciativa tem forte cunho religioso e evidencia o vigor das manifestações culturais de matriz africana, reafirmando-as como elementos de resistência dos povos negros.

BATALHA – Apesar da abolição, os negros do Recôncavo Baiano enfrentaram, ainda em 1888, uma grande batalha: assegurar a liberdade de todos os “treze de maio”, como eram pejorativamente chamados os oficialmente libertos, uma vez que muitos foram mantidos escravizados, ao tempo em que seus ex-senhores pressionavam as lideranças parlamentares a revogarem a Lei Áurea.

Contra represálias e proibições das lutas em favor dos negros pelos barões e pela polícia, milhares de pessoas se reuniram no Mercado de Santo Amaro para “bater Candomblé”, no dia 13 de maio de 1889. O encontro ficou conhecido como Bembé do Mercado e a ele foram incorporadas outras manifestações tradicionais, como o Maculelê, a Capoeira, o Lindroamor e a Burrinha.

FESTIVAL – De acordo com Rejane Pieratti, representante do terreiro Ilê Oju Onirê, que coordena o grande encontro, as manifestações dos municípios de Santo Amaro, Acupi e Itapema (todos pertencentes ao Recôncavo Baiano) vão além da reprodução de costumes ancestrais. “São populações negras que carregam tradições culturais evidentes. É um verdadeiro festival de cultura popular”, afirma.

Rejane diz que o que caracteriza os municípios é o fato de serem culturalmente ricos, havendo uma grande preocupação em manter os costumes, por parte dos jovens. Hoje, o Bembé agrega manifestações populares de todo o País, especialmente das áreas rurais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, evocando a luta contra a escravidão e consolidando valores importantes da cultura afro-brasileira.

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira, participa da agenda do Bembé do Mercado, integrando a mesa de abertura do dia 14 de maio, junto à ministra Luisa Bairros, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e a Martvs das Chagas, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira da Fundação.

Programação

11 de maio
03h da madrugada – Alvorada de fogos de artifícios
07h – Café da manhã na Praça do Mercado
19h – Capoeira, samba de roda, maculelê e outros grupos
20h – Abertura do Bembé dentro do Barracão

12 de maio
9h às 18h – Encontro de comunidades quilombolas
19h – Capoeira, samba-de-roda e maculelê
20h – Candomblé do Barracão

13 de maio
19h – Capoeira, samba de roda e maculelê
20h – Banda Samba da Gente, Banda Dissidência e Banda Coisa de Pele

14 de maio
18 h – Lançamento do livro A Tradição do Bembé do Mercado, de Jorge Veloso
19h – Capoeira, maculelê e lindroamo
21h – Candomblé no Barracão
00h – Show de Roberto Mendes
02h – Show Marisélia e os Coisinhos

15 de maio
10h – Entrega do presente na praia de Irapema
A partir de 10h – Apresentação de Samba de Roda
12 horas – Almoço para 300 pessoas

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